Portugueses estão a adotar uma forma de gerir os pagamentos mais consciente e segura
Entrevista a: Manuel Souza-Mattos, Go to Market Lead da Adyen para Portugal e Espanha
Dirhotel – Em termos de literacia financeira, como é que estão os portugueses?
Manuel Souza-Mattos – Temos assistido a uma evolução bastante positiva, sobretudo no que diz respeito à gestão dos métodos de pagamento durante as viagens. Atualmente, verifica-se uma preocupação crescente com os custos associados aos meios de pagamento e uma procura ativa por soluções mais económicas, tendo em conta a rejeição generalizada de comissões bancárias por transações no estrangeiro. Também se verifica a preferência por plataformas conhecidas para reservar e pagar férias, o que revela que os consumidores estão cada vez mais informados, exigentes e, sobretudo, mais atentos à segurança e à eficiência dos pagamentos. Por outro lado, os portugueses estão a começar a adotar métodos de pagamento mais inovadores, como as transferências instantâneas, que são úteis para lidar com imprevistos durante as viagens, e os cartões de utilização única, que estão a ganhar popularidade pela sua proteção contra burlas online. De forma resumida, os portugueses estão a adotar uma forma de gerir os pagamentos mais consciente e segura, o que lhes permite tomar decisões mais informadas no estrangeiro.
Dirhotel – Antigamente as pessoas levavam dinheiro de férias para o estrangeiro, mas ficavam com medo dos roubos, depois passaram a usar os cartões, que também não é 100% seguro. Como podem os viajantes portugueses zelar pela segurança nos pagamentos que fazem no estrangeiro e, ao mesmo tempo, não perder a descontração típica das férias?
Manuel Souza-Mattos – Atualmente, há diversas formas de os viajantes portugueses realizarem pagamentos em segurança no estrangeiro, sem abdicarem da tranquilidade das férias. Uma das opções são os cartões bancários de utilização única, que permitem efetuar transações únicas com montantes limitados e validade controlada, reduzindo o risco de clonagem ou o uso indevido de dados. Estas soluções são particularmente adequadas para reservas de alojamento, alugueres e compras online durante a viagem. Outra alternativa estratégica são as transferências imediatas, que permitem evitar bloqueios ou restrições de plafond associados aos cartões tradicionais e permitem um controlo total sobre as despesas em tempo real. Além disso, a maioria dos portugueses prefere utilizar plataformas conhecidas para pagar e reservar férias, uma vez que evita ofertas tentadoras e reduz o risco de fraudes. Por outro lado, também existe uma procura por neobancos, dado que oferecem serviços digitais mais flexíveis, intuitivos e frequentemente isentos de custos adicionais. No fundo, o segredo está em utilizar estas soluções digitais modernas para garantir segurança e aproveitar as férias com mais leveza e menos preocupações.
Dirhotel – Apesar de haver grandes evoluções em termos de pagamentos, acredita que ainda há um caminho a fazer para garantir uma maior comodidade e segurança aos viajantes? Não só em termos de reservas como de compras no destino? Qual seria o caminho?
Manuel Souza-Mattos – Apesar dos avanços nos métodos de pagamento, ainda há desafios que comprometem a experiência do consumidor. Os portugueses continuam a revelar uma preferência pelo pagamento em numerário, o que demonstra uma insegurança relativamente aos métodos de pagamento digitais no estrangeiro. Isto pode estar relacionado com limitações tecnológicas, falta de aceitação por parte de comerciantes locais ou com a ausência de literacia financeira sobre soluções mais seguras e económicas. Para ultrapassar estas barreiras, é fundamental acelerar a integração de soluções modernas como carteiras digitais, cartões de utilização única com autenticação forte ou transferências imediatas. Ao mesmo tempo, é essencial investir na literacia financeira e digital, para que os consumidores compreendam as vantagens e limitações de cada método de pagamento e adotem escolhas mais informadas e práticas. Por outro lado, as entidades financeiras têm de ser mais claras em relação aos custos associados e funcionalidades dos serviços, para conquistarem a confiança dos utilizadores. Neste contexto, soluções como o comércio unificado da Adyen podem ser uma mais valia, ao permitir a integração de transações em canais físicos e digitais num único sistema, na aplicação, na loja, no terminal de pagamento ou no website, oferecendo uma experiência de compra mais consistente, segura e adaptada às necessidades de um viajante moderno.
Dirhotel – Que regras devem os viajantes observar para garantir riscos mínimos nos pagamentos?
Manuel Souza-Mattos- Há um conjunto de práticas que podem fazer a diferença na segurança dos pagamentos durante uma viagem. Efetuar reservas apenas em plataformas reconhecidas e com sistemas de segurança comprovados é essencial. Outra sugestão é diversificar, de forma equilibrada, os meios de pagamento: combinar numerário com cartões físicos e digitais. Para transações de valor mais elevado, como reservas de alojamento, é recomendável utilizar cartões de utilização única, uma vez que oferecem uma segurança adicional. É igualmente importante conhecer os limites e comissões associados a cada método de pagamento antes de viajar, optando sempre que possível por soluções isentas de custos adicionais, como as transferências imediatas. Em termos digitais, é crucial ativar alertas de transações em tempo real, proteger os dados bancários e utilizar redes seguras. Por fim, ter um plano B para imprevistos ou em caso de erro técnico ou bloqueio, pode evitar muitas dores de cabeça: ter um segundo cartão de um banco diferente e os contactos de emergência da instituição financeira facilmente acessíveis são medidas essenciais.
Dirhotel – Como pode a Adyen contribuir para uma maior segurança a nível de reservas e pagamentos para os consumidores?
Manuel Souza-Mattos – O impacto da nossa tecnologia é visível na forma como os hóteis e retalhistas implementam medidas de segurança que simplificam e protegem os processos de pagamento dos hóspedes. No setor hoteleiro, por exemplo, continua a ser comum a solicitação dos dados do cartão por telefone ou email, métodos pouco seguros e com riscos evidentes. Com a Adyen, esta prática está a ser substituída por soluções mais seguras, como o envio de links de pagamento encriptados. Além disso, a integração da Adyen com o software de PMS do hotel permite automatizar o pagamento do depósito da estadia de forma automática, segura e em conformidade com o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD) e a autenticação forte (3D Secure). Além de proteger os dados do cartão do cliente, a autenticação contribui para evitar fraudes e potenciais pedidos de chargeback, ou seja, a reversão de pagamento, com eventual reembolso. Por outro lado, a Adyen reforça ainda a segurança dos pagamentos através de ferramentas inteligentes que detectam sinais de risco, como URLs suspeitos, ausência de autenticação ou preços irrealistas.