Modelo da merytu valoriza a carreira dos profissionais, expondo-os a mais oportunidades

Numa entrevista, João Silva Santos – CEO & Partner da plataforma digital merytu, que recentemente fez uma parceria com a escola de bar Cocktail Team com vista a criar um conjunto de sinergias com impacto ao nível do recrutamento de profissionais e consultoria para serviços de bar, fala sobre o modelo da empresa e de como pretende contribuir para a evolução do sector, defendendo um profundo alinhamento de expectativas entre o profissional e a empresa como solução para reduzir a rotatividade.

  1. Quais são as expectativas que têm com a nova parceria?

A decisão de celebrar esta parceria teve como origem um profundo alinhamento de valores entre a merytu e a Cocktail Team. Ambas as organizações pretendem contribuir para a evolução do sector potenciando as carreiras do talento existente, conjugando formação de excelência com um modelo inovador de empregabilidade. Dessa forma, queremos aproximar milhares de profissionais da comunidade merytu da formação de excelência que a Cocktail Team possibilita e por outro lado, dotar os formandos desta academia da ferramenta de empregabilidade que está a revolucionar esta indústria.

  1. A mão de obra no sector hoteleiro tem diversos problemas. Por um lado, há falta de recursos humanos nos vários patamares, sendo o recurso à colocação de estrangeiros um dos critérios, mas que não resolve, por outro lado, os que são colocados, mudam rapidamente para outro, por meia dúzia de euros, o que leva a que muitos não acabem as formações, gerando um problema de falta de formação e qualificação. Como é que se sai deste círculo e que soluções propõe a merytu e a cocktail team?

Em apenas três anos de operação, já contamos com uma base de 63 mil profissionais espalhados por todo o país, de norte a sul. Este rápido crescimento evidencia que as novas gerações já apontavam soluções para os problemas existentes, sendo apenas necessário que ajustemos os modelos de gestão de talento nesta indústria, que estão claramente desatualizados. É crucial reconhecer que a permanência num emprego não garante, por si só, uma valorização salarial e que a suposta estabilidade frequentemente mascara a falta de progressão na carreira. A chave para a solução reside num profundo alinhamento de expectativas entre o profissional e a empresa, sendo este o principal fator para reduzir a rotatividade.

As novas gerações de profissionais procuram no trabalho coisas diferentes das que os seus antecessores pretendiam. Se a imigração é um fator que ajuda bastante a manter este setor à tona, tornar esta indústria atrativa é uma urgência estrutural sem a qual não irá subsistir. Esta realidade começa logo na formação, quando, ao chegar ao mercado de trabalho, os profissionais constatam que o retorno da formação na qual investiram, ou que ainda estão a investir, é pouco mais do que aqueles que não o fizeram. Através do nosso modelo, a merytu traz uma relevância inédita ao profissional no mercado, permitindo que construa a sua carreira na primeira pessoa, através de opções que dificilmente teria em tempo útil num modelo de trabalho tradicional. Este modelo conduz a uma valorização do profissional muito acima do que é comum neste setor, onde as suas qualificações permitem que se diferencie efetivamente nas consequências do seu trabalho. Neste âmbito, um exemplo concreto trazido pela parceria tem a ver com os formandos da Cocktail Team terem no seu perfil a insígnia da sua formação, começando o seu trajeto na aplicação por um nível de ganhos acima do normal patamar de entrada.

  1. Ainda dentro dos recursos humanos como é que se atrai e, sobretudo, retém o talento na hotelaria já que as escolas do sector dizem que formam alunos para os verem sair de Portugal ou nem sequer trabalharem no sector?

Desde 2019, o setor perdeu 25% dos seus profissionais, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). Este êxodo de talento deve-se diretamente à falta de valorização dos trabalhadores já mencionada. Embora a remuneração seja um fator crucial, a valorização profissional vai muito além do salário. A falta de reconhecimento e a incapacidade da indústria em se reinventar para atender às expectativas da geração Z contribuem significativamente para este cenário. Os jovens profissionais de hoje procuram liberdade, flexibilidade, oportunidades de progressão na carreira e um alinhamento claro entre os valores das organizações e as causas que defendem.

  1. Como é que se moderniza um setor dito old school para um setor, que sem comprometer os seus ideais e objetivos, seja atual e vibrante?

O modelo da merytu foi concebido para ir ao encontro das expectativas das gerações mais novas, sendo também atrativo para as demais, através da flexibilidade que oferece, permitindo um equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Através da nossa App, os profissionais ganham, em média, 15-20% mais do que nos modelos tradicionais, devido à nossa estrutura de custos diferenciada. A merytu também se destaca pela sua lógica de ganhos por nível, onde os profissionais evoluem em valor/hora conforme a experiência e a satisfação das empresas. Este modelo valoriza a carreira dos profissionais, expondo-os a mais oportunidades, que dificilmente teriam num modelo de carreira tradicional. Esta abordagem tem recebido aceitação esmagadora, ajudando a reter talento na indústria e a torná-la muito mais atrativa.

Temos inúmeros exemplos de profissionais que já tinham abandonado o setor e que, com este modelo, decidiram dar uma nova oportunidade à sua área de formação. Por outro lado, também vemos diversos profissionais oriundos de outras áreas a experimentar o setor através da merytu, constatando que é possível trabalhar em hotelaria e restauração sem abdicar do equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, de salários competitivos, entre outros benefícios.

  1. De que forma se pode utilizar a IA como motor de pesquisa para um match mais perfeito entre entidades empregadoras e colaboradores?

Na merytu recorremos à vanguarda tecnológica para disponibilizar aos profissionais e empresas os resultados mais eficazes, consoante os seus objetivos. Através da IA, big data e machine learning, analisamos continuamente os padrões de consumo dos clientes e as tendências de aceitação dos profissionais, de acordo com as características de ambas as partes. Este processo é essencial para a evolução dos nossos algoritmos. Combinando vários fatores, conseguimos ajustar as respostas, aumentando a eficiência no processo de matching. Utilizamos o histórico de padrões de consumo como base para uma abordagem preditiva, antecipando as necessidades futuras e interpretando o comportamento da indústria.

Contudo, estes princípios tecnológicos estão hoje disponíveis no mercado em ferramentas simplificadas para o utilizador, proporcionando às equipas de Recursos Humanos uma enorme vantagem ao recorrer a modelos de análise de IA pela sua isenção e capacidade de assimilação das características da organização que gerem. A democratização destas tecnologias trouxe mais qualidade de análise e eficiência temporal nos processos de seleção atuais, não substituindo o expertise de quem as usa no que respeita à sensibilidade de uma validação final dos seus resultados.